Quem somos nós?

Quatro artistas interferindo em um mesmo suporte criam juntas uma poética coletiva. O grupo percebeu que há questões que vão além do ato de pintar juntas, pois o criar coletivamente é o resultado de conversas, encontros, vivências, onde o questionamento das individualidades, dos gestos, dos gostos, possibilitam a descoberta que Superfície é o acolhimento de todas as ações.

A construção de um trabalho é sinalizada pela primeira ação que pode ser uma mancha, um desenho, uma pincelada, um carimbo, um escorrer ou uma linha. A ação inicial rege as próximas que vão interagindo entre si, proporcionando uma liberdade que é dada pela integração dos gestos, gestos que são guiados pelo olhar atento de cada integrante que vê no espaço compartilhado a oportunidade de integrar o que é seu, com o que é da outra e com o que é do grupo, já não é mais a ação individual ela entrega-se ao espaço, numa ação de desprendimento e partilha.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Final de ano, com direito a confraternizar e criar

No dia 28 de dezembro o Grupo Superfície esteve reunido para mais um dia de trabalho e de confraternização.
Neste dia, como é de costume, revelamos as amigas secretas, que com exceção da Adelina, estiveram todas presentes. 
Como somos artistas e por isso, com o pensamento sempre pronto para criar e fazer o diferente, lançamos um novo desafio, cada uma de nós deveria presentear a sua amiga secreta com um trabalho onde as ações de todas as integrantes do grupo estivessem presentes, com o detalhe de ser somente uma autora.
Um pouco complicado né? Pois bem, foram pintadas 7 telas, cada tela foi uma integrante que pintou, fazendo que esta enfrentasse todos os desafios de realizar a ação da outra ou seja manchar, escorrer, desenhar, grafitar, respingar, carimbar, riscar, etc.
Relato aqui que foi uma experiência reveladora, que começou com uma brincadeira e que foi muito além disso.
Encarar uma tela em branco e ter a responsabilidade de criar sem a ajuda de uma superficiana, ufa, é um desafio.
Ao começar este novo trabalho, fui entendendo um pouco mais o quão complexo que é reproduzir a ação da outra, começando pela ação de manchar a tela,  a minha ficou uma mancha compacta, simétrica, sem a suavidade, transparência e sensualidade da ação da Carla Borin, passei então para o segundo passo os escorridos da Carla Thiel, pensei, barbada, fazer uns escorridos, tarefa menos complexa, os escorridos, qualquer um faz, mas e a espessura da tinta, como prepará-la e como mexer na tela enquanto a tinta vai escorrendo? Novamente me equivoquei e senti que a tinta que eu havia preparado não estava no ponto certo, pois é!!! Não ficaram os escorridos, mas sim um bloco de tinta escorrendo sem rumo por uma tela, que diferença!
Esqueci de dizer que este trabalho eu levei vários dias executando, pois sabemos que a obra precisa de um repouso necessário, segui então este caminho.
Recomecei pela ação da Mariza Fernanda, que são as impressões das folhas verdes sobre a tela, escolhi uma folha que ela já havia trabalhado e reutilizei, fiz uma grande lambança, sujei tudo, os dedos, e tudo que eu tocava, entendi o porquê da preocupação dela por usar sempre umas luvas quando ia trabalhar, realmente acessório mais que necessário. Fiz as impressões, mas ainda não tinha conseguido o efeito, lembrei das linhas que ligam estas imagens. Bem, peguei uma caneta e fui contornando e mapeando as imagens, comecei a me sentir melhor com o que eu estava criando, estava nascendo enfim o trabalho. O desenho sempre fez parte muito forte na minha trajetória de artista, por isso, continuei desenhando as formas circulares da Natália, que achei uma delícia, mas que exige paciência e controle, algo que às vezes me falta.
Faltava então, as ações da Adelina e da Paloma. Optei por deixar a da Paloma por último, pois os respingos sumiriam caso fosse ao contrário. O desenho da Adelina tem um pouco a ver com o meu, são desenhos com um grafismo exagerado dentro de formas irregulares. O detalhe é que ao riscar, o que está embaixo aparece, e é um conjunto de cores, isto eu não consegui, fiz uma imitação muito desqualificada. Por fim, os respingos da Paloma, novo equívoco, quem disse que é fácil respingar, e este pingo cair de uma altura tão precisa que gera uma imagem radiante? Devo concordar que a física e a matemática estão mais próximos da arte do que eu imaginava. 
Depois de enfrentar estas tarefas, e ver que o trabalho ainda não estava pronto, ousei, deixei de me fixar apenas nas ações e fui observando como transformá-lo em algo que instigasse e que tivesse uma identidade.
Acho que consegui, mas foi depois de muito trabalho.
Obrigada amigas por mais este momento de crescimento e que possamos ter mais insights neste novo ano de 2012.

 Vejam as obras criadas

Adelina Lintzmaier


Carla Thiel



Carla Borin


Daniela Meine


Mariza Fernanda


Natália Hax


Paloma De Leon

Nenhum comentário:

Postar um comentário