Quem somos nós?

Quatro artistas interferindo em um mesmo suporte criam juntas uma poética coletiva. O grupo percebeu que há questões que vão além do ato de pintar juntas, pois o criar coletivamente é o resultado de conversas, encontros, vivências, onde o questionamento das individualidades, dos gestos, dos gostos, possibilitam a descoberta que Superfície é o acolhimento de todas as ações.

A construção de um trabalho é sinalizada pela primeira ação que pode ser uma mancha, um desenho, uma pincelada, um carimbo, um escorrer ou uma linha. A ação inicial rege as próximas que vão interagindo entre si, proporcionando uma liberdade que é dada pela integração dos gestos, gestos que são guiados pelo olhar atento de cada integrante que vê no espaço compartilhado a oportunidade de integrar o que é seu, com o que é da outra e com o que é do grupo, já não é mais a ação individual ela entrega-se ao espaço, numa ação de desprendimento e partilha.

domingo, 10 de junho de 2018

Sesc Lajeado recebe exposição do Grupo Superfície


 

Autoras participam de coquetel de lançamento no dia 12 de junho, a partir das 19h, no Teatro do Sesc
Entre os dias 13 de junho e 31 de julho, o Sesc Lajeado (Rua Silva Jardim, 135) recebe a exposição “In.Vento”, do Grupo Superfície. Sempre de segunda à sexta-feira, das 8h às 20h, e aos sábados, das 8h às 12h, a Galeria do Sesc apresenta as obras que buscam o diálogo com o espaço plano das telas e seu simbolismo metafórico. O lançamento da mostra será dia 12 de junho, às 19h, com as autoras Carla Borin, Carla Thiel, Daniela Meine e Mariza Fernanda para o coquetel e um bate-papo. A entrada é gratuita. Mais informações estão disponíveis no telefone (51) 3714-2266 ou no site www.sesc-rs.com.br/lajeado.   
Localizado na Rua Silva Jardim, 135, o Sesc Lajeado contempla Consultório Odontológico, Sala de Musculação e Ginástica, Auditório, Sala de Exposições, Espaço Saber e Lazer (Biblioteca e acesso à Internet) e Escola Sesc de Educação Infantil (Sesquinho). A Unidade desenvolve ações de cultura, esporte, lazer e turismo, Programas Sesc Maturidade Ativa, Mesa Brasil Sesc e Sorrindo para o Futuro.
Sobre o Arte Sesc – Cultura por toda parte – Criado pelo Sistema Fecomércio-RS em 2007, o programa reúne todas as atividades culturais desenvolvidas pelo Sesc no Rio Grande do Sul, entre teatro, música, artes plásticas, literatura e cinema. Além de promover uma intensa troca de experiências e ampliar o acesso à produção artística, o Arte Sesc busca ser reconhecido como promotor de ações culturais no Estado, sendo elas não só apresentações artísticas, mas também de caráter formativo e educacional, orientadas por três eixos: transversalidade, diversidade e acessibilidade.

Exposição “In.Vento” – Lajeado
Grupo Superfície
Data: de 13 de junho a 31 de julho
Horário: Segunda à sexta-feira, das 8h às 20h e aos sábados, das 8h às 12h
Local: Sesc Lajeado – Rua Silva Jardim, 135
Entrada franca

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Preparando um novo trabalho.



Da superfície ao horizonte: visualidades em trânsito”,

A mostra reuniu trabalhos de artistas que integram um grupo constituído, na sua origem, pela busca da experiência coletiva. Nela o trabalho é o lugar de trocas, da soma, do diálogo, do avanço e do recuo, movimentos para encontrar à medida que possa revelar um corpo pictórico encarnado na espessura reduzida.  Trama de camadas para gerar visualidades onde pulsam muitos fazeres. São fazeres que remetem para visualidades pontuais da história da pintura onde ações de manchar, escorrer, decalcar, gotejar, contornar, respingar, tonalizar impregnadas de acaso revelam estados variados da matéria.

A produção daquele estágio se pauta por processo de interação de muitas mãos que agem e reagem sob olhares que se movem entre o que se dá a ver e o que aponta para novas possibilidades. As ações se desenvolvem se elegem na busca desse corpo que progressivamente alcança novos níveis de densidade, agrega vontades, traduz a competência de cada um. Os integrantes atuais do grupo vieram da pintura, mas se movem pelo desenho, encontram ecos da pintura na visualidade da natureza, nas manchas que expandem por passagens suaves que habitam a superfície configurada por quase mapas. Olham para a natureza, observam a decadência da arquitetura. Descobrem encanto no material do desenho usado pelas crianças que liquefeito despenca em gotas que de distâncias controladas explodem no impacto com a superfície sob a ação da gravidade. A grade nervosa dos escorridos passeia pela superfície da trama da tela deixando rastros cheios de tempo que se alternam por vazados e se conduzem pela ação da gravidade dando ritmo ao olhar.

A pintura pensada como resultado de um diálogo de várias vozes é, na velha superfície do quadro, o lugar para mais um desafio. Orquestrar vontades, ajustar visualidades. As implicações dessas escolhas podem ser aquilatadas se considerarmos que o processo solitário de um artista diante da tela em branco é sempre desafiador: Tudo é possível, tudo está porvir! No coletivo essas possibilidades crescem e se colocam num intrincado processo de propor, acolher, dialogar, fazer por partes, acrescentar, retroceder, avançar, observar, ceder – tecer. Pintar é aqui é tramar.

A pintura como trama é um corpo sob a pele da aparência/transparência cujo tônus se revela por camadas de topografias irregulares; ora mais ora menos visíveis. Efeitos de percurso que não obedecem a uma organização regular e previsível. Tecedura complexa de amarração para adensar o corpo, sem, entretanto opacificar a carne da pintura, corpo exposto. A trama é densa, mas a visibilidade pode ser recuperada a cada movimento do olhar. Espessura rasa – paradoxo necessário para um corpo que resiste a abandonar a superfície. Não a conquista de fato, mas também não a perde de vista.

A aparência do resultado é uma espécie de armadilha. Às vezes nos dá a pista das múltiplas direções que os diversos olhares contribuíram para constituir, mas logo em seguida volta a nos colocar num labirinto que incita à dúvida, mas recomeçar é impossível. Mover-se é a opção. Ir em frente.

Curadoria: José Luiz Pellegrin

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016